A Cinemateca Brasileira apresenta uma seleção de filmes sobre os povos originários de diferentes países da América Latina, revelando ora proximidades de lutas e resistências, ora pluralidades linguísticas, culturais e de vivências.
O público poderá assistir a obras do Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, México e Peru. A maioria dos filmes foi realizada em nossos países vizinhos e é ainda inédita no Brasil. As produções brasileiras, por sua vez, contam com longas e curtas-metragens de diferentes etnias e povos, como Ashaninka, Baniwa, Ikpeng, Kisêdjê, enaks, Kuikuro, Laklãnõ-Xokleng, Maxacali, Mbyá-Guarani, Huni Kui (Kaxinawá), Xavante, Yanomami, entre outros.
Os filmes tratam de temas como a memória e a história, instigando discussões sobre a importância do registro audiovisual para a preservação de línguas e tradições. Outra constante é resistência, que aparece atrelada aos processos de colonização, à luta por demarcação de terras e aos empreendimentos econômicos que devastam a floresta.

Religiosidades, cosmologias, artes e alimentação são outros elementos recorrentes nos títulos selecionados. A mostra conta com uma diversidade de gêneros cinematográficos que vão desde o documentário, aos experimentais, animações e ficções, manifestação da criatividade e do domínio da técnica audiovisual pelos tantos povos indígenas do continente.
A curadoria privilegia filmes feitos por cineastas indígenas, mas inclui também alguns poucos feitos por não-indígenas. Estes, contudo, foram feitos em diálogo com as comunidades que, por vezes, trabalharam na produção, no roteiro ou em outras áreas da realização audiovisual. Serão 15 sessões compostas por um curta e um longa-metragem de países diferentes. A programação é inteiramente gratuita e os ingressos são distribuídos uma hora antes de cada sessão.

PROGRAMAÇÃO

DIA 11.07

Sessão 1 | 18h

Sessão apresentada e seguida de debate e com os realizadora Anna Dantes

Flecha 1 | A serpente e a canoa

Sinopse: Viajamos por teorias científicas contemporâneas e memórias das culturas ancestrais. O fio condutor deste episódio costura duas narrativas: a da canoa cobra, memória originária de povos rio negrinos, e a serpente cósmica, presente em mitos de origem de diferentes culturas, vista como a dupla hélice do DNA, código de memória presente em tudo que é vivo. A viagem percorre uma sequência que entrelaça saberes indígenas e hipóteses científicas sobre o surgimento da Vida.

Comentários: “As Flechas” fazem parte do projeto Ciclo Selvagem, que abre caminhos para a coexistência de saberes tradicionais, científicos e artísticos. Um sonho que Ailton Krenak teve para adiar o fim do mundo.

Direção: Anna Dantes, Ailton Krenak
Ano: 2021
Cromia: Cor
Duração: 16 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: Digital
País: Brasil
Classificação indicativa: Livre
FLECHA SELVAGEM – Selvagem ciclo de estudos Ltda – todos os direitos reservados

Flecha 2 | O sol e a flor

Sinopse: A segunda flecha, O SOL E A FLOR, associa diferentes visões sobre a relação do Sol com a vida na Terra. A partir de trechos do livro “BIOSFERA”, de Vladimir Verndasky, Ailton Krenak narra sobre a profunda interação dos raios cósmicos com a matéria verde, que transformam a Terra em um supra organismo vivo. Uma visão da vida onde tudo está absolutamente relacionado, das cianobactérias ao ozônio. A fotossíntese se apresenta como chave de manutenção do equilíbrio dinâmico e para a regulação da Biosfera. A Teoria de Gaia flui em diálogo com a suspensão do céu na compreensão yanomami. Para além da narrativa científica, é uma flecha propulsionada, em sua essência, pela narrativa Guarani sobre Nhanderu, o desdobramento do escuro em sol e do sol em flor.

Comentários: “As Flechas” fazem parte do projeto Ciclo Selvagem, que abre caminhos para a coexistência de saberes tradicionais, científicos e artísticos. Um sonho que Ailton Krenak teve para adiar o fim do mundo.

Direção: Anna Dantes, Ailton Krenak
Ano: 2021
Cromia: Cor
Duração: 16 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: Digital País: Brasil Classificação indicativa: Livre
FLECHA SELVAGEM – Selvagem ciclo de estudos Ltda – todos os direitos reservados

Flecha 3 | Metamorfose

Sinopse: Um canal de transformação que leva vida de uma forma a outra. Uma mesma vida conecta vários mundos. No entrelace das partículas que atravessam vidas e corpos, somos quimeras, seres multiespécies.

Comentários: “As Flechas” fazem parte do projeto Ciclo Selvagem, que abre caminhos para a coexistência de saberes tradicionais, científicos e artísticos. Um sonho que Ailton Krenak teve para adiar o fim do mundo.

Direção: Anna Dantes, Ailton Krenak
Ano: 2021
Cromia: Cor
Duração: 10 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: Digital País: Brasil Classificação indicativa: Livre
FLECHA SELVAGEM – Selvagem ciclo de estudos Ltda – todos os direitos reservados

Flecha 4 | A selva e a seiva

Sinopse: “A Selva e a Seiva” é uma flecha selvagem sobre plantas, especialmente as plantas mestras, chamadas também de plantas professoras, aquelas que abrem a percepção da realidade cósmica da vida. A energia da vida vem do sol e é tragada pelos seres fotossintéticos, algumas bactérias, algas e plantas. A energia da vida é cósmica.

Comentários: “As Flechas” fazem parte do projeto Ciclo Selvagem, que abre caminhos para a coexistência de saberes tradicionais, científicos e artísticos. Um sonho que Ailton Krenak teve para adiar o fim do mundo.

Direção: Anna Dantes, Ailton Krenak
Ano: 2021
Cromia: Cor
Duração: 8 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: Digital País: Brasil Classificação indicativa: Livre
FLECHA SELVAGEM – Selvagem ciclo de estudos Ltda – todos os direitos reservados

Flecha 5 | Uma flecha invisível

Sinopse: Uma flecha invisível se destina ao microcosmos. Concerne a um estado de grandeza física, mensurável, em escala infinitesimal e conjuntamente considera a condição invisível da presença de outras dimensões, espirituais, paralelas e agenciadoras da vida no planeta. “Tudo que vemos é uma expressão do invisível.” Visitamos assim uma série de seres que colaboram para a existência de vida no planeta.

Comentários: “As Flechas” fazem parte do projeto Ciclo Selvagem, que abre caminhos para a coexistência de saberes tradicionais, científicos e artísticos. Um sonho que Ailton Krenak teve para adiar o fim do mundo.

Direção: Anna Dantes, Ailton Krenak
Ano: 2021
Cromia: Cor
Duração: 11 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: Digital País: Brasil Classificação indicativa: Livre
FLECHA SELVAGEM – Selvagem ciclo de estudos Ltda – todos os direitos reservados e enviar imagens e fotos após a projeção para [email protected]

Flecha 6 | Tempo e amor

Sinopse: A segunda lei da termodinâmica é a única lei geral da física que distingue passado do futuro. Como uma flecha do tempo, o calor passa somente de corpos quentes a frios, nunca ao contrário. Se nada é provocado externamente, um corpo frio não se torna quente. Esse fluxo natural de dissipação dança com outro fluxo: o fluxo biológico da vida, que aglutina e envolve Gaia numa metamorfose contínua.

Comentários: “As Flechas” fazem parte do projeto Ciclo Selvagem, que abre caminhos para a coexistência de saberes tradicionais, científicos e artísticos. Um sonho que Ailton Krenak teve para adiar o fim do mundo.

Direção: Anna Dantes, Ailton Krenak
Ano: 2021
Cromia: Cor
Duração: 12 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: Digital País: Brasil Classificação indicativa: Livre
FLECHA SELVAGEM – Selvagem ciclo de estudos Ltda – todos os direitos reservados

Flecha 7 | A fera e a esfera

Sinopse: O caboclo é uma manifestação encantada das matas brasileiras. No Brasil, o Caboclo Sete Flechas emerge nos terreiros da umbanda e do candomblé. A sétima Flecha Selvagem é a última da série de audiovisuais criada pelo Selvagem Ciclo de Estudos sobre a Vida. Com o título A fera e a esfera, esta flecha “caiu” em Londres no Barbican Centre, incorporada à exposição Our time on Earth.

Comentários: “As Flechas” fazem parte do projeto Ciclo Selvagem, que abre caminhos para a coexistência de saberes tradicionais, científicos e artísticos. Um sonho que Ailton Krenak teve para adiar o fim do mundo.

Direção: Anna Dantes, Ailton Krenak
Ano: 2021
Cromia: Cor
Duração: 9 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: Digital País: Brasil Classificação indicativa: Livre
FLECHA SELVAGEM – Selvagem ciclo de estudos Ltda – todos os direitos reservados

DIA 12.07

Sessão 2 | 18h30

Nguné Elü, o dia em que a lua menstruou

Sinopse: Durante uma oficina de vídeo na aldeia Kuikuro, no Alto Xingu, ocorre um eclipse. De repente, tudo muda. Os animais se transformam. O sangue pinga do céu como chuva. O som das flautas sagradas atravessa a escuridão. Não há mais tempo a perder. É preciso cantar e dançar. É preciso acordar o mundo novamente.

Etnia: Kuikuro

Comentários: O filme aborda a cosmovisão Kuikuro sobre o eclipse lunar e como ela está relacionado a diversos rituais da comunidade para “limpar” pessoas, objetos e alimentos do sangue derramado pela lua. Tudo isso é registrado no calor do momento pelos cineastas Kikuro, que entrevistam os mais velhos para pedir explicações sobre o fenômeno.
Direção: Maricá Kuikuro, Takumã Kuikuro
Ano: 2004
Cromia: Cor
Duração: 28 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: Digital
País: Brasil (MT)
Classificação indicativa: Livre

Ushui, la luna y el trueno

Sinopse: “Saga” é um grupo de mulheres que tem um papel importante na sociedade Wiwa: elas são responsáveis pelos nascimentos e pelo elo entre a comunidade e as divindades espirituais. Mas um obstáculo surge na busca para registrar essas mulheres: o diretor e a equipe do filme são homens Wiwa, e precisam solicitar autorização de uma divindade para acessar as sagas.

Etnia: Wiwa

Comentários: Além de permitir um olhar metalinguístico sobre o registro audiovisual da comunidade Wiwa (e os conflitos que surgem a partir disso), o filme também aborda as consequências do Shekuita – trovão ruim –, que devastou a cidade de Kemakúmake e fragilizou as sagas.
Direção: Rafael Mojica Gil
Ano: 2019
Cromia: Cor
Duração: 72 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: Digital
País: Colômbia
Classificação indicativa: Livre

Sessão 3 | 20h30

El silencio del rio

Sinopse: Juan, um menino de 9 anos, mora com seu pai silencioso em uma casa flutuante no deslumbrante rio Amazonas. Os dias são longos e tranquilos, e as noites solitárias. Na tentativa de entender o que aconteceu com seu pai, Juan parte para a escuridão. Na região amazônica, diz-se que a humanidade e a natureza estão profundamente interligadas. Juan encontra a verdade em algum lugar entre o sonho e a realidade.

Comentários: O filme teve sua estreia na Berlinale (2020), sendo exibido também no Festival Internacional de Cinema de Guadalajara (2020) e em mais de 100 festivais ao redor do mundo.
Direção: Francesca Canepa
Ano: 2020
Cromia: Cor
Duração: 14 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: Digital
País: Peru
Elenco: Wilson Isminio Cruz, Roover Mesia, Luis Mesia Classificação indicativa: Livre

Ukamau

Sinopse: Enquanto o marido trabalha no mercado local, uma jovem camponesa aimará é estuprada e assassinada. Ao descobrir sobre a morte da esposa, o viúve atormentado planeja cuidadosamente a sua vingança.

Etnia: Aimará

Comentários: Produzido pelo Grupo Ukamau, cujo objetivo era desenvolver um cinema de identidade nacional boliviana por via da cultura andina. Premiado na Semana da Crítica do Festival de Cannes em 1967.
Direção: Jorge Sanjinés
Ano: 1966
Cromia: P&B
Duração: 72 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: 35mm
País: Bolívia
Elenco: Vicente Salinas Berneros, Benedicta Mendoza Huanca, Néstor Cárdenas Peredo, Elsa Antequera Classificação indicativa: 18 anos

DIA 13.07

Sessão 4 | 19h

Txêjkhô khâm mby - Mulheres guerreiras

Sinopse: Dois velhos narram um mito, encenado em ficção pelos jovens Kisêdjê, em que uma moça namora secretamente com o próprio irmão. Os acontecimentos que se sucedem a essa paixão proibida dão origem à revolta das “Mulheres Guerreiras”.

Etnia: Kisêdjê

Direção: Whinti Suyá, Kambrinti Suya, Yaiku Suya, Kamikia P.T. Kisedje, Kokoyamaratxi Suya
Ano: 2011
Cromia: Cor
Duração: 12 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: Digital
País: Brasil (MT)
Classificação indicativa: 10 anos

Kene Yuxi, as voltas do Kene

Sinopse: Ao tentar reverter o abandono das tradições do seu povo e seguindo as pesquisas do seu pai, o professor e escritor Joaquim Maná, Zezinho Yube corre atrás dos conhecimentos dos grafismos tradicionais das mulheres Huni Kui, auxiliado por sua mãe.

Etnia: Huni Kui (Kaxinawá)

Direção: Zezinho Yube
Ano: 2010
Cromia: Cor
Duração: 48 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: Digital
País: Brasil (AC)
Classificação indicativa: Livre

Sessão 5 | 20h

Nakua pewerewerekae jawabelia / Hasta el fin del mundo / Até o fim do mundo

Sinopse: Vídeo experimental, realizado inteiramente com câmera de celular, parte do projeto UNID@S CONTRA A COLONIZAÇÃO: MUITOS OLHOS, UM SÓ CORAÇÃO. Tentativa ritual de sanação das dores coloniais, dessas feridas abertas que nos doem a todos, human@s e não-human@s, naturezas de Abya Yala.

Etnia: Sikuani

Comentários: O filme mescla as linguagens do documentário e do experimental, além dos idiomas sikuani, espanhol e português. Sua direção é de Juma Gitirana Tapuya Marruá e Margarita Rodrigues Weweli-Lukana, liderança do povo indígena Sikuani, situado na região do médio Orinoco, entre a Colômbia e a Venezuela. Filmado somente com câmera de celular, o vídeo tem caráter experimental e é uma “tentativa ritual de sanação das dores coloniais”, retratando a vida do povo Sikuani.

Direção: Margarita Rodriguez Weweli-Lukana, Juma Gitirana Tapuya Marruá
Ano: 2019 Cromia: Cor Duração: 16 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: Digital
País: Colômbia, Brasil (PE/RJ)
Elenco: Margarita Rodriguez Weweli-Lukana, Juma Gitirana Tapuya Marruá
Classificação indicativa: Livre

Tava, a casa de pedra

Sinopse: Memória, mito e história Mbyá-Guarani sobre as reduções jesuíticas e a guerra guaranítica do século XVII no Brasil, Paraguai e Argentina.

Etnia: Mbyá-Guarani

Comentários: Fruto do contato entre os diretores Kuaray Poty (Ariel Ortega), Pará Yxapy (Patricia Ferreira) e as oficinas do Vídeo nas Aldeias em 2007, Tava, a casa de pedra é um filme realizado pelo Coletivo Mbya-Guarani de Cinema. O longa-metragem é uma busca a ancestralidade Guarani e pelos vestígios dos apagamentos provocados pelo contato com os brancos.

Direção: Kuaray Poty (Ariel Ortega), Pará Yxapy (Patricia Ferreira), Vincent Carrelli, Ernesto de Carvalho
Ano: 2012
Cromia: Cor
Duração: 78 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: Digital
País: Brasil (RS), Argentina
Elenco:
Classificação indicativa: Livre

DIA 14.07

Programação Especial

Apresentação musical infantil “Planeta Oca” (60 min) – A confirmar

Sessão 6 | 19h15

Jakawisa

Sinopse: Três gerações de mulheres trabalham a terra preparando o solo para o cultivo de batatas próximo ao Lago Titicaca.

Etnia: Aimará

Comentários: As texturas das mãos, dos pés e dos corpos, assim como a do material fílmico, são capturadas de forma sensível através do olhar pessoal e íntimo da realizadora Delia Yujra Chura para com a sua família e a sua cultura.

Direção: Delia Yujra Chura
Ano: 2020
Cromia: Cor
Duração: 5 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: Digital
País: Bolívia
Classificação indicativa: Livre

A porta-voz (La vocera)

Sinopse: María de Jesús Patricio é a primeira mulher indígena a aspirar à presidência no México. Uma médica tradicional escolhida para curar um país doente. Sua campanha é um convite para conhecer a história por trás da luta do Congresso Nacional Indígena para defender o território, preservar a natureza e propor uma nova maneira de entender o progresso no mundo de hoje.

Etnia: Náuatle

Comentários: O filme mostra o racismo estrutural das instituições políticas no México e como os povos originários se organizam para ocupar o espaço público e denunciar a violência nos territórios das comunidades.

Direção: Luciana Kaplan
Ano: 2020
Cromia: Cor
Duração: 82 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: DCP
País: México
Elenco: María de Jesús Patricio Martínez, Gabriela Torres, Mario Luna, Rusell Peba Ocampo, Lupita Vázquez, Damian Muguarte Barbosa, Yamili Chan Dzul, Fidencio Aldama, Loreta Vázquez, Felipe Serio
Classificação indicativa: 12 anos

Sessão 7 | 20h45

La vida de una familia Ikoods

Sinopse: Um grupo de mulheres se reúne para trabalhar e sustentar a economia familiar, os laços familiares e a amizade em um vilarejo costeiro.

Etnia: Ikoods

Comentários: Primeiro curta-metragem de Teófila Palafox, exímia tecelã, parteira, líder de cooperativa e, desde então, primeira cineasta indígena; foi a única das três produções da Primeira Oficina de Cinema Indígena a ser concluída e divulgada desde o momento de sua filmagem. O curta-metragem retrata a vida cotidiana de San Mateo del Mar, por meio da história de uma família de pescadores, tecelões e comerciantes, em uma narrativa que combina documentário e ficção. Assim, o filme retrata, a partir da perspectiva de seus membros, e especificamente do ponto de vista de uma jovem mulher, vários aspectos da sociedade e da cultura do povo Ikoods, bem como a maneira pela qual eles desejavam documentá-los e mostrá-los ao mundo exterior.

Direção: Teófila Palafox
Ano: 1985
Cromia: Cor
Duração: 23 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: Super-8
País: México
Classificação indicativa: Livre

Tejiendo mar y viento

Sinopse: Documentário sobre a Primeira Oficina de Cinema Indígena no México, ministrada a um grupo de mulheres artesãs da comunidade de San Mateo del Mar. O filme mostra os resultados dessa experiência única, em que a diretora, além de nos dar uma visão da cultura Huave, destaca o trabalho cinematográfico realizado pelas artesãs, incluindo no filme uma de suas produções intitulada A vida de uma família Ikoods.

Etnia: Ikoods

Comentários: Feito num momento fundamental para a cinematografia nacional mexicana, quando, pela primeira vez, uma comunidade indígena filmava a si mesma e contava suas histórias. O longa-metragem será exibido juntamente do primeiro curta-metragem realizado pelas cineastas Ikoods: La vida de una familia Ikoods (Iraw amangoch tinden nop ikoods).

Direção: Teófila Palafox, Luis Lupone
Ano: 1985
Cromia: Cor
Duração: 82 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: 16mm
País: México
Classificação indicativa: 12 anos

DIA 15.07

Sessão 8 | Sábado Infantil | 15h30

Marangmotxíngmo Mïrang: Das crianças Ikpeng para o mundo

Sinopse: Quatro crianças Ikpeng apresentam sua aldeia respondendo à vídeo-carta das crianças da Sierra Maestra em Cuba. Com graça e leveza, elas mostram suas famílias, suas brincadeiras, suas festas, seu modo de vida. Curiosas em conhecer crianças de outras culturas, elas pedem para que respondam à sua vídeo-carta.

Etnia: Ikpeng

Direção: Natuyu Yuwipo Txicão, Kumaré Ikpeng, Karané Ikpeng
Ano: 2001
Cromia: Cor
Duração: 35 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: Digital
País: Brasil (MT)
Classificação indicativa: Livre

No tempo do verão

Sinopse: É fim de semana e as crianças Ashaninka deixam a escola e partem, rio acima, para acampar com os pais e aprender a vida no rio e na mata.

Etnia: Ashaninka

Direção: Wewito Piyãko
Ano: 2012
Cromia: Cor
Duração: 21 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: Digital
País: Brasil (AC)
Classificação indicativa: Livre

Sessão 9 | 16h50

Vãnh gõ tõ Laklãnõ

Sinopse: Uma arqueóloga, um poeta, um pastor e kujá, uma professora e um cantor de rap remontam a história do seu povo, os Laklãnõ/Xokleng, habitantes do sul do Brasil: o tempo do mato, a quase extinção, a retomada da língua e da cultura, e o protagonismo político.

Etnia: Laklãnõ-Xokleng

Comentários: Perseguido pelo Estado brasileiro, por bugreiros e colonizadores, o povo Laklãnõ/Xokleng foi dizimado por doenças, assassinatos e mudanças do modo de vida – tendo sido praticamente extinto. Após os primeiros contatos com os não-indígenas em 1914, perdeu a maior parte de seu território, ficando reduzido ao estado de Santa Catarina. O documentário reconstrói a história do povo e retrata poeticamente o passado, a retomada da língua, o impacto da construção da Barragem Norte, a presença das igrejas evangélicas e a questão do Marco Temporal, do qual o povo é protagonista. Filme vencedor do prêmio Canal Brasil no É tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários (2023).

Direção: Walderes Coctá Priprá, Barbara Pettres, Flávia Person
Ano: 2023
Cromia: Cor
Duração: 25 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: DCP
País: Brasil (SC)
Classificação indicativa: Livre

Dolores

Sinopse: Na região de Temuco, no sul do Chile, as mulheres Mapuche saem de suas aldeias de origem para trabalhar na cidade, geralmente como empregadas domésticas. O filme apresenta essas mulheres e seus esforços de organização para que seus direitos sejam respeitados nas terras que pertenceram a seus ancestrais.

Etnia: Mapuche

Comentários: Em uma série de campanhas militares desde os tempos coloniais, o outrora próspero povo Mapuche foi expulso de suas terras no Sul do Chile e lançado à pobreza. Vivendo em condições precárias, eles ganham um salário 60% menor do que um chileno médio, e muitas vezes vivem sem acesso a água potável ou eletricidade. O filme é um retrato dessa condição desigual, cujo povo Mapuche vêm combatendo desde o século XVI até os dias de hoje.

Direção: Joaquín Eyzaguirre
Ano: 1984
Cromia: Cor
Duração: 50 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: 16mm
País: Chile
Classificação indicativa: Livre

Sessão 10 | 18h20

Yakuqñan, caminos del agua

Sinopse: Mulheres e homens de diferentes comunidades nativas do Peru nos contam histórias de suas atividades diárias relacionadas à terra e à água, sua relação com o meio ambiente e a preservação de sua memória.

Comentários: “A água se tornou um recurso urgente, no entanto, é a primeira vítima de práticas indiscriminadas de extração de madeira e de mineração e indústria irresponsáveis. Hoje, cabe a nós estarmos conscientes de que a água é nossa fonte de vida, portanto, por meio da sabedoria de nossos personagens, busco conscientizar sobre o pensamento crítico e responsável sobre seu cuidado e, dessa forma, seguir o exemplo de suas tradições”, diz Juan Durán, diretor do documentário.

Direção: Juan Durán
Ano: 2021
Cromia: Cor
Duração: 88min
Formato de exibição: Digital
Formato original: DCP
País: Peru
Classificação indicativa: Livre

Sessão 11 | 20h

Nasa Yuwe, la lengua madre

Sinopse: Aos 26 anos, Yaid Bolaños, antropólogo indígena da etnia Nasa e professor da língua nativa, busca narrar de forma experimental a importância de conservar sua língua nativa – Nasa Yuwe – em um complicado contexto social urbano, onde as práticas de seus usos e costumes estão em perigo devido ao choque cultural que representa sobreviver em um mundo cada vez mais moderno e globalizado.

Etnia: Nasa

Direção: Mateo Leguizamón, Yaid Bolaños
Ano: 2019
Cromia: P&B
Duração: 6 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: Digital
País: Colômbia
Elenco: Yaid Bolaños
Classificação indicativa: Livre

Tío Yim

Sinopse: Depois de 15 anos de silêncio e com a voz prejudicada pelo álcool, Tío Yim, cantor e compositor, filósofo Zapoteca e ativista, compõe uma nova música sobre sua vida tumultuada. Mas dessa vez ele a escreve com sua família e as visões são contraditórias. Uma imersão nas entranhas de uma família marcada pela festa, pela música e pela comunalidad.

Etnia: Zapoteca

Comentários: Um retrato íntimo e profundo de Jaime Martínez Luna feito por sua filha, pertencente à segunda geração de cineastas Zapotecas. No cotidiano de Jaime, compreendemos o significado da ideia de comunalidad, criada por ele para pensar na voz do coletivo, evidenciada nas assembleias zapotecas, na valorização da agricultura local e no combate à exploração das grandes empresas. Sua militância enquanto líder comunitário se une à sua carreira de artista, expressado já nos primeiros minutos do filme na voz do protagonista: “Por dez anos eu me convenci que cantar é juntar forças ao meu povo. Ser trovador não é só tocar violão e cantar canções. Ser trovador também é conquistar, é persuadir, é ensinar” (Jaime Martínez Luna).

Direção: Luna Marán
Ano: 2019
Cromia: Cor
Duração: 82 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: DCP
País: México
Elenco: Jaime Martínez Luna, Magdalena Andrade, Julia Martínez Hinojosa, Andrés Martínez Andrade, Luna Marán
Classificação indicativa: 14 anos

DIA 16.07

Sessão 12 | 15h20

Kaiser Wilhelm Institut Für Anthropologie Tupiniquim

Sinopse: Videocolagem feita a partir do filme Ao redor do Brasil (1879-1940), realizado pelo major Luiz Thomaz Reis como forma de registrar os trabalhos da Comissão Rondon.

Etnia: Baniwa

Comentários: Denilson Baniwa constrói um comentário irônico e crítico a partir das imagens de Ao redor do Brasil (1879-1940), filme que buscou promover o ideal militar-científico-civilizatório da Comissão Rondon, sobretudo no que diz respeito à expansão das fronteiras e à integração supostamente pacífica dos povos indígenas.
Direção: Denilson Baniwa
Ano: 2019
Cromia: P&B
Duração: 9 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: Digital
País: Brasil (RR)
Classificação indicativa: 12 anos

Abdzé Wede’õ - O Vírus Tem Cura?

Sinopse: Documentário que revela o impacto da pandemia de Covid-19 nas populações indígenas, com enfoque na nação Xavante (MT), um dos grupos mais afetados. O filme é narrado por Divino Xavante, que detalha a luta de sua própria aldeia para sobreviver ao vírus.

Etnia: Xavante

Comentários: Através de materiais de arquivo e imagens captadas durante a pandemia, o filme estabelece um paralelo entre o passado de genocídio que a população indígena enfrentou no território brasileiro com o tempo presente, também traumático
Direção: Divino Xavante
Ano: 2021
Cromia: Cor
Duração: 55 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: Digital
País: Brasil (MT)
Classificação indicativa: 12 anos

Sessão 13 | 16h40

Opy’i regua

Sinopse: Gente grande e gente pequena, sabida e iniciante, juntam-se em um processo de construção, coleta, aprendizagem e reverência. No extremo sul da Mata Atlântica, após mudar a sua pequena aldeia para uma nova área, a cacica Júlia conduz a construção da Opy, a casa de reza Mbyá-Guarani.

Etnia: Mbyá-Guarani

Comentários: Registro do compartilhamento de experiências entre gerações a fim de manter as tradições, o filme apresenta Júlia Gimenes num processo duplo de liderança: a de Cacica, que procura estimular as crianças a darem continuidade à renovação cultural Guarani, e a de diretora, que vê no cinema a possibilidade de expandir sua luta.

Direção: Júlia Gimenes, Sérgio Guidoux
Ano: 2020
Cromia: Cor
Duração: 26 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: Digital
País: Brasil (RS)
Elenco: Cacica Júlia Gimenes, moradores da Tekoa Guyra Nhendu (Aldeia Som dos Pássaros)
Classificação indicativa: Livre

Ayvu-Pora, las bellas palabras

Sinopse: Uma equipe de filmagem chega à aldeia guarani de Tamanduá, no coração da selva missionária, e propõe a seus habitantes fazerem um documentário juntos.

Etnia: Mbyá-Guarani

Comentários: A circularidade da dança guarani rege a estrutura do documentário e propõe uma nova cronologia: a construção dos olhares. O filme reúne duas perspectivas diferentes na experiência de descoberta do outro, tão diferente e tão próximo.

Direção: Vanessa Ragone
Ano: 1999
Cromia: Cor
Duração: 48 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: Digital
País: Argentina
Classificação indicativa: Livre

Sessão 14 | 18h10

Amuhuelai-mi

Sinopse: Documentário que mostra a inserção do povo Mapuche em assentamentos urbanos, como Santiago. Eles também são mostrados em seus territórios perto de Temuco, incluindo as dificuldades e maus-tratos que sofrem nas mãos dos “huincas” (brancos).

Etnia: Mapuche

Comentários: Produzido pelo Departamento de Cultura do Ministério da Educação (Chile), o filme destaca a discriminação enfrentada pelos Mapuche e as políticas mobilizadas por Salvador Allende para integrá-los à comunidade urbana.

Direção: Marilú Mallet
Ano: 1972
Cromia: P&B
Duração: 11 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: Digital
País: Chile
Classificação indicativa: 10 anos

Nũhũ Yãg Mũ Yõg Hãm: Essa terra é nossa!

Sinopse: Antigamente, os brancos não existiam e nós vivíamos caçando com os nossos espíritos yãmĩyxop. Mas os brancos vieram, derrubaram as matas, secaram os rios e espantaram os bichos para longe. Hoje, as nossas árvores compridas acabaram, os brancos nos cercaram e a nossa terra é pequenininha. Mas os nossos yãmĩyxop são muito fortes e nos ensinaram as histórias e os cantos dos antigos que andaram por aqui.

Etnia: Maxakali

Comentários: O documentário nos convida a partilhar a caminhada dos cineastas indígenas pela terra em disputa, onde há anos lutam para permanecer os Tikmũ’ũn, como se autodenominam o povo conhecido como Maxakali. A obra, que circulou em dezenas de festivais brasileiros e internacionais, se soma aos esforços de resistência a um processo contínuo e quase diário de deslocamentos, hostilidades, ameaças e violências. Premiado em festivais como Sheffield DocFest (2021), Mostra de Cinema de Tiradentes (2021) e DocLisboa (2021).

Direção: Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu e Roberto Romero
Ano: 2020
Cromia: Cor
Duração: 70 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: DCP
País: Brasil (MG)
Elenco: Delcida Maxakali, Totó Maxakali, Mamei Maxakali, Pinheiro Maxakali, Manuel Damázio, Arnalda Maxakali, Dozinho Maxakali, Vitorino Maxakali, Israel Maxakali, Marinho Maxakali, Américo Maxakali, Veronildo Maxakali, Noêmia Maxakali, Pedro Vieira, Joviel Maxakali, Neusa Maxakali, Manuel Kelé, Tevassouro Maxakali
Classificação indicativa: Livre

Sessão 15 | 19h40

Mãri hi - A árvore do sonho

Sinopse: Quando as flores da árvore Mãri desabrocham surgem os sonhos. As palavras de um grande xamã conduzem uma experiência onírica através da sinergia entre cinema e sonho yanomami, apresentando poéticas e ensinamentos dos povos da floresta.

Etnia: Yanomami

Comentários: Filmado na aldeia de Watorikɨ, região do Demini, localizada na Amazônia Brasileira, o curta-metragem conta com a participação do grande líder e xamã Yanmomami Davi Kopenawa, que nos conduz nessa experiência apresentando o conhecimento dos Yanomami sobre os sonhos. Prêmio de melhor curta-metragem no É Tudo Verdade – Festival Internacional do Documentário (2023).

Direção: Morzaniel Ɨramari Yanomami
Ano: 2023
Cromia: Cor
Duração: 17 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: Digital
País: Brasil (RR)
Elenco: Davi Kopenawa
Classificação indicativa: anos

Pakucha

Sinopse: Uma família se reúne para realizar o antigo ritual dedicado à pakucha, a alma da alpaca. Situado nas profundezas dos deslumbrantes Andes, o filme mostra a celebração da família Aymara e nos guia hipnoticamente através de sua visão de mundo na cultura andina.

Etnia: Aimará

Etnia: Aimará
Direção: Tito Catacora
Ano: 2021
Cromia: Cor
Duração: 81 min
Formato de exibição: Digital
Formato original: DCP
País: Peru
Classificação indicativa: 12 anos